Resenha: O Rei Perverso

— Por um momento, me perguntei se não era você disparando flechas em mim.
Faço uma careta. 
— E o que fez você decidir que não era?
Ele sorri.
— A pessoa errou.
Pag:70

O Rei Perverso  de Holly Black, é o segundo livro da trilogia O Povo do Ar. Nele Jude luta para manter sua influência sobre Cardan enquanto governa como senescal. Em um ambiente repleto de traições, conspirações e jogos de poder, ela precisa usar toda sua astúcia para prolongar o controle sobre o rei e garantir sua posição em Elfhame. No entanto, conforme inimigos surgem e segredos são revelados, ela percebe que manipular o rei pode ser mais perigoso do que imaginava e que, no jogo do trono, ninguém está realmente seguro.

A sequência de O Príncipe Cruel começa com Jude tentando se manter no poder que conquistou no final do primeiro livro. Agora como senescal, ela atua diretamente nas decisões do rei por um período de um ano e um dia. No entanto, com apenas seis meses restantes para o fim desse prazo, ela precisa traçar estratégias políticas para prolongar o acordo e continuar controlando Cardan. Seu caminho é marcado por mentiras, desconfianças e traições, tornando sua permanência no cargo ainda mais desafiadora. Além disso, Jude precisa lidar com as consequências de suas próprias escolhas passadas, que voltam para assombrá-la.

O relacionamento entre Cardan e Jude continua carregado de química, oscilando entre o ódio e o desejo. A desconfiança entre os dois é constante, tornando o desenvolvimento do romance lento e cheio de tensão. No entanto, ao longo da trama, vemos mais interações entre eles do que no primeiro livro, aprofundando ainda mais a dinâmica complexa que compartilham.

Jude ainda é vista como uma mortal no reino das fadas, e muitos questionam como conseguiu chegar tão longe e quais truques utilizou para isso. Entre os muitos personagens que querem sua destruição está Locke, que finalmente revela suas verdadeiras intenções. Ele assume o papel que Cardan teve anteriormente, organizando a festas e baquetes no Palácio enquanto ignora suas responsabilidades como marido de Taryn. Enquanto isso, Taryn se isola na grande propriedade de Locke.

Outros personagens também ganham destaque na história. Oriana apresenta um grande crescimento, e o relacionamento de Vivi e Heather se desenvolve de maneira interessante. Já Oak, apesar de ainda ser uma criança, demonstra personalidade forte e determinação, lembrando Vivi em sua postura desinteressada pelo mundo das fadas e pelas obrigações que esse universo impõe.

A escrita se mantém como a do primeiro livro, conversando diretamente com o público jovem, mas sem excluir outros leitores. A narrativa começa em um ritmo mais lento, evoluindo gradativamente até se tornar impossível parar de ler. Há sempre um momento de virada de chave, que faz você querer as respostas o mais rapido possível. Esse foi meu primeiro contato com a autora, e posso dizer que ela sabe muito bem como prender seus leitores.

Todos os acontecimentos do livro são bem construídos e fazem sentido dentro da história. Você consegue ver que nada é inserido sem propósito e mais pra frente tudo se encaixa e revela sua verdadeira intenção ou qual foi a jogada por trás da ação. Cada reviravolta tem uma explicação clara e coerente, o que deixa a experiência de leitura mais gostosa e satisfatória.

Por diversas vezes, me peguei surpresa com os acontecimentos, mas o desfecho realmente me deixou de boca aberta. Ele se mantém fiel ao tema central do livro, entregando uma reviravolta impactante que reforça a ideia de que Jude não pode baixar a guarda até a última página do ultimo livro. Esse final deixou uma sensação de empolgação tão grande que comecei o próximo volume na mesma hora. Afinal, eu tenho muitas duvidas e a principal delas é: Como Jude poderia retornar a um mundo que agora é seu por direito?

Livro: O Rei Perverso;

Autora: Holly Black;

Gênero: Fantasia;

Páginas: 308;

Nota: 5,0☆